Noções de Vigilância Sanitária pra quem é cri-cri

Esse blog vai tratar de noções de vigilância sanitária que podem ser aplicadas à vida de qualquer pessoa, de forma a alertar sobre o risco inerente ao dia-a-dia. Vai falar de normas e leis, zoonoses (o que é isso?!), compartilhar experiências, situações absurdas, e tirar dúvidas que interessam a qualquer um que preze por sua saúde e de sua família.




quarta-feira, 14 de setembro de 2011

DOCE MEL!

Fonte: MdeMulher

Quem nunca chupou aquele melzinho de sachê praticamente não teve infância. O mel é um produto saboroso, nutritivo e muito utilizado na alimentação infantil.

 Entretanto, precisamos ter cuidado com o que chamamos de 'mel artesanal', aquele que foi produzido em alguma fazenda/estabelecimento sem nenhuma tecnologia. Embora muitos prefiram esse tipo de mel, por acharem mais natural e mais saudável, precisamos entender os riscos relacionados à esse tipo de produção.

O mel produzido artesanalmente está relacionado com uma toxinfecção chamada BOTULISMO. Esta é causada pela Bactéria Clostridium botulinum e seus esporos (uma forma de resistência às condições adversas). Pode acometer adultos, quando estes ingerem produtos contaminados com a toxina pré-fabricada pela bactéria, ou crianças, que ingerem alimentos contaminados com os esporos dessa bactéria, que, ao chegar no trato gastrintestinal, voltam à sua forma vegetativa e produzem a toxina botulínica. Essa toxina tem como alvo o bulbo (estrutura do encéfalo, responsável pelo controle cardiorespiratório) e os músculos, impedindo sua contração e causando um tipo de paralisia chamada paralisia flácida, chamada de "Síndrome do bebê mole"(caracterizada pelo 'amolecimento' da musculatura - foto abaixo., retirada do blog Cantinho da terceira idade),
Paralisia flácida infantil

No final da década de 90, houveram muitos surtos associados ao botulismo, causando inclusive um alto índice de morte súbita, inicialmente diagnosticados como morte de berço.  A toxina compromete cordas vocais e glote, fazendo com que a criança tenha disfonia (choro miado de gato), visão distorcida e dupla (diplopia) e ptose palpebral (pálpebra caída).


O risco da produção artesanal de mel está na possibilidade de contaminação deste com poeira e solo, que podem conter os esporos do Clostridium botulinum. Não há como saber se essa produção é feita de forma correta, obedecendo aos princípios de Boas práticas de fabricação e higiene alimentar; tudo isso associado à precariedade da fiscalização desses estabelecimentos. É comum a comercialização do mel inclusive contendo ainda pedaços de favo, que, por sua vez, pode também ter tido contato com o solo. E esse mel vai pra onde? Justamente pro alimento da criança. UM PERIGO!

Produção artesanal de mel



Por isso, é extremamente importante ter cuidado com essas produções 'de fundo de quintal', pois nem sempre o alimento mais natural é mais saudável e seguro. O botulismo adulto está mais relacionado ao consumo de produtos enlatados, onde há contaminação do alimento com toxinas pré-formadas, mas isso é assunto de outro post. Fiquem de olho...porque eu...


Tô de oooolho!!!


terça-feira, 6 de setembro de 2011

CQC fala sobre veterinário na inspeção de carnes

No Programa CQC de ontem, Danillo Gentili falou sobre a "inutilidade" de um projeto de lei que exige que as carnes fornecidas nos açougues de São Paulo sejam inspecionadas por veterinários. A atuação do Médico Veterinário na fiscalização sanitária e promoção da saúde pública foi exposta com deboche e falta de respeito ao trabalho desse profissional. Inclusive fizeram uma encenação onde um suposto veterinário ausculta um corte de carne com estetoscópio.

Muita inteligência pra fazer piadas e pouco conhecimento sobre os riscos que uma carne não inspecionada traz.

O QUE TEM A VER UMA CARNE QUE EU COMO EM UM CHURRASCO COM A PROFISSÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO?


A carne que você come em um churrasco passou por, no mínimo, dois veterinários:

- Um no início da produção, onde o veterinário zela pela sanidade do animal, como vacinação, controle de doenças, manejo reprodutivo, controle de veminoses, melhoramento genético (fazendo com que os animais produzam carne, leite, ovos de melhor qualidade e em maior quantidade) e controle de zoonoses, que são doenças que podem ser transmitidas ao homem (a lista é enorme!). Um veterinário nesse ponto faz com que o produto de origem animal seja de boa qualidade.


- Outro no final da produção, durante o abate, onde irá garantir que o abate seja feito da forma menos sofrida possível para o animal (existe um manual do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a ser seguido rigidamente); dentro dos padrões sanitários (incluindo não só o estado do animal, como também a forma de transporte deste e de seus produtos, o local de armazenamento, a forma de distribuição, etc).



O QUE FAZ UM VETERINÁRIO EM UM ABATEDOURO?


O médico veterinário irá inspecionar a qualidade do produto que irá para a mesa do consumidor, vistoriando o estado e a qualidade destes como também a presença de possíveis agentes causadores de doenças. Por isso é essencial que não se compre carne de abatedouros de fundo de quintal e que não sejam devidamente registrados e autorizados a funcionar.

O risco é grande, podendo incluir risco de morte, no caso de alguns patógenos.






PORQUE É NECESSÁRIO UM PROJETO DE LEI EXIGINDO A INSPEÇÃO DOS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL POR UM VETERINÁRIO?


Francamente? Porque aos olhos do produtor, produzir dentro dos padrões sanitários e certificados de que são próprios para o consumo sai MUITO CARO, pois há necessidade de profissionais como médicos veterinários, engenheiros de alimento, nutricionistas, entre outros; que irão exigir rigidamente que todos os equipamentos utilizados bem como o ambiente de produção estejam isentos (ou em quantidades aceitáveis) de contaminantes.

Isso inclui gastos com reformas de piso, teto, parede, equipamentos, de modo a estarem dentro dos padrões; gastos com análises microbiológicas da água e dos produtos; e DESCARTE (creio que a palavra mais detestada pelos produtores) daqueles produtos que não estão dentro do exigido.


É por isso que há diferença no preço de uma carne comprada em qualquer lugar para outra comprada em um estabelecimeto registrado e devidamente certificado. A diferença do valor você paga com sua saúde prejudicada.


Danilo Gentili,
TÁ PAGANDO? EXIJA!


Tô de ooolho!