Noções de Vigilância Sanitária pra quem é cri-cri

Esse blog vai tratar de noções de vigilância sanitária que podem ser aplicadas à vida de qualquer pessoa, de forma a alertar sobre o risco inerente ao dia-a-dia. Vai falar de normas e leis, zoonoses (o que é isso?!), compartilhar experiências, situações absurdas, e tirar dúvidas que interessam a qualquer um que preze por sua saúde e de sua família.




sexta-feira, 25 de março de 2011

Jaleco: acessório de moda ou vestimenta de trabalho?

Ele pode ser gola de padre, gola em V, com elástico no punho, com botão de pressão ou de encaixar, rosa, azul, branco tradicional, com bordado nos bolsos e com vários tipos de emblemas.




A questão é: o jaleco é apenas uma vestimenta de trabalho ou se tornou acessório de moda entre estudantes e profissionais que o utilizam?

http://www.camara-arq.sp.gov.br/

Não raro vemos pessoas de jaleco desfilando por aí nos corredores das universidades, nas ruas, entrando no banheiro, no carro e até nos refeitórios. Deu grilo! Nem gosto de lembrar de uma cena que vi em uma Universidade muito famosa no interior de São Paulo: médicos residentes e internos que saiam do atendimento e iam direto pra lanchonete de jaleco, quando não de pijama cirúrgico.





http://www.radioculturafoz.com.br/
Realiza: o cara acaba de atender um paciente com diarréia aquosa causada por uma bela duma Salmonella, encosta com o jaleco no paciente e em varios objetos contaminados e depois vai comer um delicioso pão com ovo na lanchonete em frente com aquele jaleco?

Senhores, tenham dó! Por mais que você diga "mas eu não atendi ninguém tããão contaminado assim...", muitos estudos indicam que microorganismos são transportados para pessoas que estão fora do ambiente hospitalar, ambulatorial, odontológico ou laboratorial por meio de roupas, batas e jalecos, aumentando essa contaminação em áreas de contato, como mangas e bolsos. Nem preciso dizer que hospital é lugar de doença, bactéria, esporo, vírus, protozoário...por favor!



Se você trabalha em laboratório, talvez o seu jaleco seja muito mais pra proteção dos reagentes, da cultura que vc trabalhe ou dos animais que vc lida do que pra você mesmo...ainda assim, você pode estar trazendo uma contaminação pra dentro do laboratório...já pensou, perder um trabalho que demorou uma semana pra ficar pronto? No laboratório ou no hospital, o ideal é que o jaleco seja de uso exclusivo daquele local...


Ta certo que é lindo vestir jaleco...eu particularmente acho um charme! Mas não vamos fazer dele mero acessório de moda, nem envergonhar a classe por preguiça de tirá-lo...

Isso é tão sério que existe um projeto de lei querendo PROIBIR o uso de qualquer EPI (Equipamento de Proteção Individual, que inclui jalecos e outras vestimentas especiais) fora do ambiente onde o trabalhador da área da saúde atue (quer saber mais? Projeto de Lei 6626/09). Essa proposta tem o objetivo de combater a infecção hospitalar e a contaminação biológica, e é de autoria do deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE). O infrator da norma poderá ser punido com advertência e multa, sendo o empregador responsabilizado também.


Além disso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) traçou regras bastante claras sobre o controle da infecção hospitalar.


Na Inglaterra, a Associação Médica Britânica recomenda restringir o uso de adornos, gravatas, relógios, com ênfase especial na circulação com jalecos. Depois da lavagem das mãos, amplamente aceita por toda a população durante a pandemia da gripe A (H1N1), as atenções podem se voltar para a indumentária dos trabalhadores da saúde como possíveis carreadores de microrganismos. Deve haver inclusive a preocupação de limpar regularmente os crachás de identificação. Porquê não imitar o que é bom?


No Brasil, no âmbito do Ministério da Saúde, temos a Norma Regulamentadora NR-32, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que trata do uso de EPI’s, nos quais o jaleco se inclui. Recomenda que os trabalhadores não deixem “o local de trabalho com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e vestimentas utilizadas em suas atividades laborais”.


Por isso, Senhoras e Senhores, penduremos os jalecos!



Tô de ooolho!

5 comentários:

  1. Muito bom o novo post! Excelente matéria. Eu mesmo fico indignado com os absurdos que a gente acaba encontrando no dia-a-dia da Universidade (principalmente), onde muitos estudantes saem de aulas no Hospital-escola e vão lanchar na lanchonete da esquina...

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  2. É verdade, viu, Pedrinho? Eu tinha até tirado várias fotos na própria UFC, do pessoal ali no CA, outro no carrinho de pipoca do lado do Hemoce...mas esqueci em Fortaleza e tive que pegar fotos dos outros...

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  3. Me lembro muito bem de tal hospital universitário no interior de Sp. Quando fui tava no auge da gripe H1N1 e mesmo em restaurantes fora da universidade vi pessoas com pijama cirúrgico. Reclamei é lógico, bem da minha pessoas mas acho extremamente porco da parte do restaurante aceitar

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  4. Importantíssima e interessantíssima essa postagem. Parabéns pela iniciativa. Você também escreveu muito bem, boa redação. Falta reconhecimento por parte das entidades cearenses. Aproveito o tema para sugerir vc falar também do uso correto do pijama cirúrgico e outros EPI's de centros cirúrgicos (propés, gorros, máscaras, etc).

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  5. Obrigada Fábio André! Toda sugestão é muito bem-vinda!!!

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